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Sustentabilidade.

Biodiversidade nativa na cidade: uma conversa com Ricardo Cardim

Para pensar projetos que trazem integração com a natureza é preciso de alguém que tenha uma relação íntima com ela. Por isso, um nome vem à mente quando pensamos em paisagismo sustentável e que dialoga com o meio ambiente: Ricardo Cardim, diretor da Cardim Arquitetura Paisagística, um dos mais inovadores escritórios de paisagismo do país.

Foi o também botânico que criou o método “Floresta de bolso”, em que promove a recuperação da flora nativa em espaços urbanos. Seu trabalho com a natureza vai muito além dos projetos paisagísticos: é autor do livro “Remanescentes da Mata Atlântica”, em que estudou as árvores gigantes que faziam parte do bioma.

No último ano foi premiado com o Prêmio Muriqui, uma das mais importantes homenagens às ações ambientais no país. Ao Noar, onde assina o paisagismo, trará sua visão que insere a floresta no centro urbano. “Um projeto que apresenta caminhos para a cidade verde do século 21, aquela que possibilitará a harmonia entre a cidade moderna e a riquíssima biodiversidade nativa brasileira”, comenta Ricardo.

Conversamos com o botânico, que celebra com o Noar seu primeiro projeto em Curitiba. Você confere a entrevista completa abaixo.

O que o projeto paisagístico do Noar traz a Curitiba? Como o projeto paisagístico pode influenciar na vida dos moradores?

O projeto paisagístico do Noar é um projeto do que a gente chama Cidade Verde de Terceira Geração no Brasil. Ou seja, é um projeto que procura a harmonia entre a biodiversidade nativa ancestral, que no Brasil é a mais rica do planeta, e o conforto e a tecnologia da vida moderna. Então a gente procura aliar essas duas possibilidades, que são muito boas. A natureza que os nossos tataravós tinham aliado a tudo que a gente conseguiu conquistar hoje de bem-estar. É um projeto que eu acredito ser completo.

Quais são os destaques do projeto? Como pensar a natureza em espaços urbanos?

Um destaque do projeto é a questão das frutíferas que a gente vai ter na varanda. Isso é muito legal porque traz para as pessoas a possibilidade de um quintal suspenso, ou seja, de você aproveitar toda a segurança e a vista do apartamento – mas você ter, ainda, uma árvore frutífera da Mata Atlântica no seu “quintal”. 

Você consegue ter uma árvore bacana no terraço de casa, com um porte legal, bonita, cheia, uma árvore já antiga – e isso é um luxo, né? É um privilégio. Eu acho que isso é um novo luxo, na verdade: você compartilhar a sua vida e dos seus filhos com uma árvore da Mata Atlântica num apartamento legal. E fora que isso é um presente para toda a cidade, porque vai trazer vários benefícios para as áreas urbanas. 

Imagine se tivéssemos, em todos os prédios de Curitiba, árvores de bom porte da Mata Atlântica na fachada. Se fosse assim, a cidade teria uma temperatura melhor, menos poluição, menos barulho, mais biodiversidade, mais equilíbrio ecológico, mais saúde psicológica. Então, tudo seria melhor, né? O nosso empreendimento traz uma contribuição muito forte, muito positiva.

Nosso paisagismo brasileiro é majoritariamente de espécies estrangeiras. O que você chama de “planta fast food”? E qual impacto elas causam no meio ambiente e na cultura da cidade?

Hoje a gente tem uma situação de que no país 90% da vegetação usada em paisagismo – seja na praia, no campo ou na cidade, é de origem estrangeira. Isso é totalmente absurdo. A gente está num país que tem a natureza mais rica do planeta, o país que tem a maior quantidade de plantas nativas do planeta, e não faz o menor sentido. Isso se deve realmente a tendências culturais colonizadas, por assim dizer. Então, é urgente que a gente apresente à população brasileira a sua biodiversidade, essa herança natural única que nós recebemos – e é por isso que o paisagismo sustentável é muito importante. No mundo, o que está acontecendo é uma pasteurização, uma hegemonização das espécies usadas em paisagismo em todo o planeta. Então, é como se o mundo inteiro deixasse de se alimentar com a sua gastronomia típica, com a sua cultura, para começar a consumir somente fast food, como um Big Mac. Não faz o menor sentido. E fora que isso dá um prejuízo ecológico enorme, provoca extinção em massa da fauna e flora regional, espécies exóticas invasoras, uma série de desequilíbrios ecológicos.

Por fim, que legado você quer deixar com seu trabalho?

A ideia desse trabalho é deixar um legado para a cidade de Curitiba, que é uma cidade que eu admiro e gosto muito. É uma cidade que, das poucas do Brasil, tem calçadas largas, que tem uma arborização bacana, mas Curitiba vem sofrendo um processo grave de esquecimento da Mata Atlântica. A gente não tem mais araucárias sendo plantadas, por exemplo, só pinheiro chinês, pinheiro estrangeiro. Então, o que eu quero deixar com esse projeto é um caminho possível para uma cidade que respeite a biodiversidade nativa e que seja sustentável no século XXI.

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